sexta-feira, 30 de novembro de 2012

somas de outra vez


estilhaços de espelho sobrevoam
enquanto pela madrugada fria minha alma se devora nua
ferrugens do tempo que entre minhas mãos escoam
nublados passos e tibios ensejos
do cruzar de olhos sonolentos, marejados
outrora amaveis entre raios e luz do sol
enquanto resvala ao chão
tentando em vão recolher as cinzas
migalhas do sentimento re-partido
pássaro ferido
andorinha, rouxinol
canta, tece amanhecer
amanhece pra outrem mas não vejo amanhecer
quando vem o sol eu posso me perder
pra procurar você... pra procurar você...
pra encontrar você...
mais uma vez dentro de mim
vou te esperar...

sábado, 14 de abril de 2012

Com carinho a Doisneau

Que fotografou com amor

que fez poesia nas horas
que falou do cotidiano
também fez arte
que celebrou a alegria
fez farra
fez estripulias
lembrou os tempos de escola
e marcou as coisas boas da vida, como uma boa companhia...
em sua homenagem, um beijo...


Pra quem quiser beijá-lo, sua obra é lembrada no Centro Cultural da Justiça Federal (8 março 17 de junho) - Av. Rio Branco, 241 - ao lado do Theatro Municipal.

Vai lá ver... ;)

terça-feira, 7 de fevereiro de 2012

a dama da noite


tenho que tomar vergonha
mas a noite é safada
sorrateira
toda convidativa
ela chega sorrindo, toda mansa
aí ela passa, é um abraço
malandro já caiu na lábia
fazer o quê?
o negócio é aproveitar...

terça-feira, 17 de janeiro de 2012

O que (realmente) é isso?



Depois das Mc's Feiticeiras e Tiazinha os funks deram a voz de liberdade das mais abastadas... e elas não se sentiram à vontade com os títulos de abastadas e cheinhas, rasgaram o vestido e o verbo e assumiram: sou fofinha e gostosa! Vozes de um tempo de liberdade de expressão e auto-afirmação(???).
Cada época, século, década é marcada por um estilo, personalidades e seus caracteres... estamos vivendo dias de mistura, dias de EU próprio. Um grito de liberdade e independência. Depois da moda self-service, da liberdade da ditadura do estilista, o grito da liberdade vinha sendo dado desde os anos oitenta, com o fechamento de ciclos importantes, de afirmações idealistas em ditaduras, quedas de muros e etc. Com esse novo ideal, veio o culto ao corpo e as academias foram eram a nova onda. Corpos exibidos, a moda por sua vez ajudava, agora a cheinha não tinha vez. Ou assumia ou (as)sumia. Passado tempos, a ousadia e a liberdade foram sendo
cada vez mais cobiçadas. O ser humano se expos e gostou disso e quis experimentar mais. E quando umas gordinhas começaram a ser cutucadas e resolveram que não dava mais para ficar dentro do armário. Outras tentaram se esconder e foram pegas entre o armário e a cozinha. Então é dado vez a esse bullying que é "velado". Assumidamente gostosas, roliças, gordinhas, elas foram cortejadas pelo cinema, e foram avançando até o plus size... que mexeu com nomes grandes e gente durona do ramo da moda - leia-se até alta-costura! (Lagerfeld, que rejeita seu passado pesado e assume sua postura em relação ao (bio)tipo louvando a magreza!). Até que grifes do mercado americano resolveram dar voz a elas sim; voz, corpo e glamour! Mas ainda não estavam satisfeitas. Estavam maquiadas em roupas sensuais, exóticas, lascas, litras e detalhes que disfarçassem o exesso de peso, ainda desconfortável para elas em certas ocasiões e olhares. Se tudo isso socialmente é visto e exposto em capas de revistas, o funk com sua marginalidade e fama de desbocado agora dá voz em forma cômica às que não tem vergonha de dizer: gostosa
não, roliça não - eu sou gordinha! ADORO COMER!!!
- Me leva no McDonalds? - é assim que o 'Mc Mestre do nada' brinca com a sua versão em cima do original de outro MC (Saed), originalmente "Que é isso novinha?". Há quem torça o nariz para o funk. Muitos se assombraram ao me ouvir dizendo que estava ouvindo funk, e eu escrevia avidamente, enquanto refletia na circunstância. O quanto há de brincadeira e o quanto há de verdade na engraçada letra do 'Mc Mestre do nada' em levar a diante esse desconforto das mulheres acima do peso e assumir que gostam mesmo de comer! Já não é a primeira letra cantada sobre comida X peso. Tati Quebra-barraco é um exemplo de funqueira que já cantou sobre essas desventuras, valorizando sua gostosura entre outros. E não é tão grande a diferença, em tamanho, do que o funk abraça entre suas musas que outrora foram mulherões turbinadas em academias então passaram para mulheres melancia, melão, carne, filé... sempre aumentando aqui e ali. Seria essa a vez de um novo tamanho? Que me desculpem as magrinhas e as novas
gostosas, mas se as gordinhas vierem, elas virão com TUDO! Liberação é sempre forte em resposta a anos de escárnio e deboche, é uma represália. Vindo, estarão mais abusadas e saturadas de tudo que sofreram. Então apertem seus cintos, porque elas estão soltando tudo... e se for desta vez, vão soltar mais que corsets e pences.
Aí, não quero nem estar perto pra ver...


terça-feira, 10 de janeiro de 2012

Second life..

Amar de palavras, gostar de palavras, sentir falta de palavras...
As pessoas parecem ter perdido o sentido das coisas e apenas vive em função do que diz.
Não que ela faça o que diga, absolutamente não. Ela vive em função de dizer e o que diz basta.
o ser humano aprendeu com a tecnologia... e sente através dela... vive através dela, se move através dela. Assumiu enfim a condição de dominado pelo mundo virtual e aniquilou suas capacidades físicas, emocionais e presenciais.
Um sms basta pra dizer que ama
Um e-mail basta pra assumir uma formalidade
Um telefonema basta pra dar informações e boa noite - esse em ultimo caso! Somente em ultimo caso...
As vidas se relegam a mediocridade, as pessoas apenas existem enquanto a vida passa pela janela do quarto, pela janela do carro, pela tela, pela janela... tudo em quadrado, remoto controle, teclados e touches... eu ando pelo mundo e meus amigos, cadê?
Nos ressentimos, enquanto transitamos perdendo pessoas, pedaços e espaços... a sensação de incompletude, das coisas que se têm pela metade. (porque se quer...)
Eu só quero inteiros!
Sinceros e vivos abraços, sorrisos e companhias... um cinema, um dia na praia, que seja pra passear ao céu nublado vendo os transeuntes e comendo churros pra lembrar os velhos tempos.
Essas são as estações que eu desejo... de verdade, intensas mas vividas...
Enquanto as palavras, são só palavras... digitais, digitadas, mornas... torne-se presente!
MOSTRE FRUTOS DIGNOS DOS SEUS SENTIMENTOS!